Portugal saiu de uma fase ultra crítica em janeiro, quando liderou todos os piores cenários mundiais, tinha os hospitais lotados e as estatísticas diárias eram um desalento que parecia não ter fim, para se transformar no país com o melhor cenário na Europa, título que ocupa agora. Como? Fechando. Sem meias medidas, sem meias palavras e com controle rigoroso.
Para começar, é preciso dizer que o estado de emergência (decretado em janeiro e renovado a cada 15 dias) decretou o dever civil de ficar em casa. Ou seja, só era permitido sair para atividades consideradas essenciais. O home office virou obrigatório, o comércio fechou, houve toque de recolher.
Os restaurantes foram fechados, só funcionando em regime de delivery e take-away. Isso fez não apenas com que os apps de entrega bombassem, mas com que os restaurantes criassem métodos próprios de entrega e soluções criativas, como workshops de cozinha online. Surgiu até mesmo um app de entrega de comidas exclusivo para restaurantes gourmet, o Volup. As mesas ao ar livre voltam a poder funcionar no dia 05 de abril, com limite máximo de 4 pessoas.
Os hotéis funcionavam em regime facultativo. Muitos optaram por fechar, mas muitos ficaram abertos, funcionando como alternativa à quarentena em casa, mas com medidas especiais: restaurantes fechados, alimentação só no quarto e uso de espaços comuns (como a piscina) em esquema de rodízio, com um quarto por vez, por exemplo.
As fronteiras estavam controladas.Voos proibidos para alguns destinos (como o Brasil e a Inglaterra), viagens de lazer proibidas, fronteiras terrestres fechadas por um bom tempo.
Os parques, jardins, praças e praias funcionaram com restrições. De maneira geral, podiam ser frequentados apenas para exercícios físicos e para quem morava nos arredores (sem permissão de permanência). Os calçadões das praias ficaram fechados por semanas e só recentemente voltaram a abrir para a prática de exercícios físicos.
Os museus, galerias de arte e monumentos permanecem fechados e só voltam a abrir no dia 05 de abril.Os cafés e lanchonetes permanecem abertos para venda apenas de comida – e na porta. No início podiam vender bebida também, mas o cafezinho começou a gerar aglomerações e foi logo cortado.
A circulação foi limitada e controlada. Nos finais de semana, entre 20h00 de sexta e 05h00 de segunda, ficou proibido o deslocamento entre concelhos (região metropolitana). Nesta semana, que antecede a Páscoa, está proibido desde a sexta (26) até a segunda (05). O policiamento é pesado. Quem desrespeitar, pode pagar multas de até € 1.000 (e ainda assim ter que voltar pra casa).
Vale lembrar que as baladas estão fechadas desde março do ano passado, que os bares também não voltaram a abrir, que os festivais de música foram cancelados (inclusive muitos que estavam remarcados para este ano já passaram para 2022, caso do Rock’n Rio, por exemplo) e que mesmo agora, com o plano do desconfinamento, a reabertura vai ser gradual, dependendo da realidade de cada região. O processo começou lentamente no dia 15 de março, mas os restaurantes, por exemplo, só podem voltar a abrir no dia 19 de abril – ainda assim, com restrição de pessoas e horários. O controle de casos será rigoroso e as medidas de abertura podem ser suspensas sempre que a situação piorar. O estado de emergência pode durar o ano inteiro, assim como a obrigação do home office. Enquanto a vacinação na Europa estiver a passos de tartaruga, o cenário não deve mudar.