O presidente Jair Bolsonaro empossou nesta quinta-feira (17) Gilson Machado Neto como novo ministro do Turismo. A posse foi realizada no Palácio do Planalto uma semana após o “Diário Oficial da União” publicar a exoneração de Marcelo Álvaro Antônio do cargo de ministro e a nomeação de Machado, que até então comandava a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur).
Machado afirmou no discurso de posse que o turismo auxilia na recuperação econômica do país, afetado pela pandemia. Segundo ele, o setor tem boas perspectivas para o verão, porém não pode passar por novas restrições nas atividades – medida adotada por prefeitos e governadores para tentar conter o contágio pelo novo coronavírus. "O trade não aguenta uma decretação de segundo lockdown. Nosso país foi exemplo na América Latina de manutenção de empregos. Dos países turísticos, o nosso país foi o que menos desemprego teve, em torno de 25%", disse.
Machado citou a situação de Búzios (RJ), onde Justiça do Rio de Janeiro determinou que a cidade volte para a Bandeira Vermelha - Risco 3 de combate à pandemia da Covid-19. Com isso, os turistas hospedados na cidade devem deixar os hotéis, pousadas e imóveis de aluguel para temporada do município em até 72 horas.
O ministro afirmou também que, por ideia da primeira-dama Michelle Bolsonaro, o governo pretende "fazer história com o turismo de inclusão", voltado para pessoas com deficiência e idosos, por exemplo.
Mudança na pasta
A troca no Ministério do Turismo foi provocada por uma briga, que se tornou pública, entre Álvaro Antônio e o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação do Planalto junto ao Congresso. Em um grupo de ministros em um aplicativo de mensagens, Álvaro Antônio acusou Ramos de pedir a Bolsonaro para entregar o cargo do Turismo ao Centrão, bloco de apoio ao governo na Câmara.
O objetivo, segundo o agora ex-ministro, seria negociar apoio na eleição para a presidência da Câmara. O candidato do Centrão para comandar a Casa, Arthur Lira (PP-AL), tem apoio do governo. Álvaro Antônio chamou Ramos de "traíra" e depois se desculpou.
Bolsonaro também discursou na cerimônia de posse e agradeceu o trabalho de Álvaro Antônio como ministro. O presidente lembrou que o novo ministro é conhecido como "Gilson da Sanfona". O presidente brincou que Machado, que é veterinário, é o seu médico.
Bolsonaro aproveitou para reafirmar o desejo de fazer da região de Angra, no litoral do Rio, uma Cancún brasileira. Contudo, na região há a Estação Ecológica de Tamoios (Esec Tamoios), o que barra o projeto de Bolsonaro. O presidente defende mudanças na legislação para viabilizar investimentos.
Perfil
Pernambucano, Gilson Machado Neto é empresário, músico e veterinário. Nas redes sociais, ele registra o trabalho como cantor, sanfoneiro e compositor da banda de forró Brucelose.
Amigo do presidente, Machado atuou na transição de governo e, após a posse de Bolsonaro, foi secretário de Ecoturismo do Ministério do Meio Ambiente e presidente da Embratur. Ele também é um dos incentivadores da criação do partido Aliança pelo Brasil, que ainda não saiu do papel.
Machado costuma acompanhar Bolsonaro em viagens e participa com frequência das transmissões ao vivo pela internet que o presidente costuma fazer às quintas-feiras no Palácio da Alvorada, nas quais já tocou sanfona.
Após ser nomeado como ministro, Machado pediu para que prefeitos e governadores não fechem atividades ligadas ao turismo, em especial no período de Natal, em razão do aumento de casos do novo coronavírus no país.

