Na noite desta sexta-feira (23), o presidente Jair Bolsonaro vai falar em rede nacional de televisão para apresentar medidas do governo a fim de conter as queimadas na Amazônia. Uma dessas medidas é a assinatura de um decreto instituindo a Garantia da Lei e da Ordem Ambiental (GLOA) para ajudar os Estados da região nas ações de combate ao fogo na floresta.
A mudança de tom do presidente se dá depois de a questão ambiental se transformar numa crise internacional. Pelos menos três chefes de governo (Emanuel Mácron, da França, Justin Trudeau, do Canadá e Ângela Merkel, da Alemanha) decidiram levar a questão da Amazônia para a reunião do G7 (grupo dos sete países mais ricos), em Biarritz, na França, neste fim de semana.
O núcleo do governo reconhece que duas declarações do presidente Bolsonaro acabaram por ampliar a crise e ajudaram a torná-la um consenso internacional, envolvendo chefes de Estado e governo e celebridades pelo mundo todo: a contestação aos números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre desmatamento e, mais recentemente, ao apontar as ONGs como responsáveis pelas queimadas na Amazônia.
O presidente se reúne, às 15:00, com equipe de ministros para definir outras medidas para controlar a situação. Ao mesmo tempo, interlocutores do governo já conversam com governadores dos Estados da região que aceitam a parceria com o governo federal. "Há uma situação em que se passa a ideia de que é uma epidemia. Isso na internet se espalha", disse um auxiliar do presidente.
A intenção do governo é "separar os problemas". Uma coisa, segundo a fonte, são os incêndios gerados pelo clima; outra, são queimadas criminosas. O governo Bolsonaro, que tinha postura diferente em relação às críticas que sofria por sua política ambiental, desta vez percebeu que era preciso tomar atitude firme para conter o que chamam de "bombardeio" contra o Brasil e o governo.
Para essas fontes do governo, o Brasil sofre ainda em razão de disputa comercial. Mas terá de dar respostas rápidas para conter as queimadas na floresta.