Essa semana acontece, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, o primeiro encontro para articulação de uma network de pesquisa envolvendo diferentes instituições, entre elas, a UFMS, a Universidade de Nottingham (Reino Unido), UFGD, Embrapa Pantanal, WWF e Fundação Neotrópica. A pesquisa tem como objetivo entender as rotas de contaminantes na Bacia do Alto Paraguai e apresentar, futuramente, propostas que aliem a preservação, diante do uso crescente de agroquímicos, com a produção de alimentos.
Os pesquisadores reuniram-se nos dias 12 e 13 de agosto, no Instituto de Biociências (Inbio). Os professores da Universidade de Nottingham, Lisa Yon e Matthew Johnson, irão a campo nos próximos dias para conhecer potenciais locais de estudo em Bonito, Bodoquena, Miranda e Corumbá. O projeto inicia-se com financiamento da Universidade de Nottingham (Beacon Future Foods), da Fundect e do Programa Institucional de Internacionalização (PrInt), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Os problemas são similares aos estudados pelos pesquisadores da Universidade de Nottingham em outros países. “Estamos investigando particularmente na África do Sul e no Reino Unido. Estamos olhando para essa questão dos contaminantes e seus impactos em todos os diferentes aspectos da vida selvagem e da biodiversidade, problemas de conservação, saúde humana e animal. O Brasil é uma área maravilhosa para conservação e biodiversidade e essa parece ser uma questão muito importante para explorar”, expõe a professora Lisa Yon.
Ainda segundo a pesquisadora, a projeto levará anos para investigar e obter respostas esperando, assim, obter mais recursos para levá-lo adiante. Por enquanto, a Universidade Nottingham financiará os trabalhos.
Além de entender melhor a questão e as preocupações relativas à saúde dos animais, dos humanos e do ecossistema, os pesquisadores querem trabalhar com as pessoas que vivem nessas comunidades, cujos meios de subsistência dependem do sistema das atividades agrícolas. “Esperamos trabalhar juntos e achar algumas soluções que irão lhes permitir continuar suas atividades, mas declinando os impactos no meio ambiente”, afirma Lisa.
Para o pesquisador da Embrapa Pantanal, Carlos Roberto Padovani, o tema é sensível, diante da polêmica sobre o uso dos agrotóxicos, mas muito importante. “Ao mesmo tempo que você tem a necessidade do uso de agroquímicos, em função da produção agrícola, podemos vir a ter os problemas de contaminação ambiental e até dos humanos. Primeiro, vamos fazer um apanhado geral do que existe, do potencial de risco ou não, sempre com a participação dos interessados (stakeholders), pessoas da região que necessariamente tem de lidar com essa situação, órgãos do estado, secretarias de meio ambiente e produtores. A ideia é fazer projeto aberto, transparente, para que possamos trazer informações, discutir os problemas e tentar resolver conjuntamente”, explica.